Archive for fevereiro, 2009

Paranaense segue os passos de mito da luta

segunda-feira, fevereiro 23rd, 2009

Com apenas 17 anos, Hussein Tarabain treina no respeitado centro de treinamento do Irã, ao lado do bicampeão olímpico e tri mundial Nadi Saei.

Publicado em 22/02/2009 | Teerã | Nazen Carneiro, especial para a Gazeta do Povo

O objetivo de Mohamed Tarabain quando mandou o filho Hussein, então com 7 anos, treinar tae kwon do era simples: achava que o garoto precisava praticar algum esporte, de preferência um que o ensinasse a se defender. Nem imaginava, uma década depois, ver o adolescente treinando no Irã ao lado de um dos maiores campeões da história da modalidade, com a meta de disputar os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.

 

Aos 17 anos, Hussein Tarabain, paranaense de Foz do Iguaçu, já tem no currículo o vice-campeonato pan-americano sub-18 de 2007, conquistado em Daytona Beach, nos Estados Unidos. Dentro do Brasil, são três títulos nacionais e oito estaduais, desempenho inspirado no iraniano Hadi Saei, bicampeão olímpico e tri mundial.

Christian Rizi/Gazeta do Povo)*

Hussein Tarabain, lutador de tae kwon do*

 

A celebração


 

“Pesquiso na internet, tenho fotos e vídeos das suas lutas e anoto seus principais pontos, defeitos e busco trabalhar isso em mim”, conta Hussein, que teve sua vida mudada pelo ídolo. Não com imagens de socos e chutes, mas com uma carta.

Pouco antes do Mundial Sub-18 do ano passado, na Turquia, o paranaense recebeu uma correspondência de Saei. Em poucas linhas, o iraniano lhe desejou sorte na competição e recomendou esforço e dedicação para obter um bom resultado. Foi o que bastou para Hussein tomar coragem de pedir uma vaga na Casa do Tae Kwon Do do Irã, um dos mais respeitados centros de treinamento da modalidade no mundo.

“Quando dei por mim, já estava aqui no Irã. Parece um sonho”, diz o paranaense, em Teerã desde janeiro, sob orientação de Saei, que deixou o dojô para assumir o cargo de coordenador técnico das seleções adulta e juvenil do país. “Além de melhorar minha técnica, é uma honra poder conversar e saber mais da experiência de uma lenda do esporte como ele.”

Mesmo sendo muçulmano – como 98% da população iraniana –, Hussein diz ter sentido diferenças culturais grandes entre a vida no Brasil e em seu novo país. Ainda assim, prefere valorizar a bagagem cultural acumulada no dia a dia. “Cada lugar que visito, pessoa que conheço me parece um pedaço de uma história muito grande”, conta, feliz pelo bônus da sua já proveitosa estada no Oriente Médio.

Graças à sua integração à equipe iraniana, conseguirá disputar dez competições neste ano na categoria adulto, inclusive o forte Aberto da França. Um calendário inviável caso ainda estivesse no Brasil.

“Vou criar uma base para, em 2010, estar em condições de conquistar a vaga para o Pan-Americano, o Mundial e depois, se Deus quiser, para a Olimpíada de Londres”, planeja, com uma ambição impensável quando ele deu os primeiros golpes na academia de Toríbio Silveira, amigo da família e seu treinador até hoje.

“Meu professor acreditava muito em mim, pegava no meu pé e me ajudou a acreditar que podia vencer mais”, relembra, iniciando uma retrospectiva da sua trajetória no dojô. “Desde pequeno fui muito tímido. Mas quando mexiam comigo, era agressivo. Precisava aprender a controlar isso, a não descarregar minha energia nas pessoas”, revela.

Hussein também não esquece das dificuldades das primeiras competições. No início, só contava com o apoio da família e a boa vontade da escola, que abonava algumas faltas. Patrocínio mesmo, só em 2002, quando uma loja passou a oferecer todo o equipamento para a prática do tae kwon do. “O material que uso é importado. Inclui proteção para braços, cabeça, tronco, joelho, canela, pés e calcanhares. Além disso, muitas competições são fora do país, o que aumenta os custos”, comenta.

Também é dessa época que traz o estafe que o acompanha até hoje – embora à distância durante seu estágio no Irã. O técnico Toríbio Silveira, o fisioterapeuta Omar Issa e o preparador físico Flávio Marquezi. Apoio fundamental para ele cumprir à risca o seu lema no tae kwon do: “Enquanto os outros descansam, eu treino.”

link GAZETA DO POVO
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Brasileiros no Irã

segunda-feira, fevereiro 16th, 2009

Em cidades como Londres, Nova York e Paris encontrar brasileiros não é difícil, mas no Irã eu realmente não esperava. Eis que visitando a Tumba do Imperador Persa Ciro “o Grande (559 – 530 A.C.)”, em Pasárgada, ouço alguns conterrâneos. Entre eles estava o jovem Hussein Tarabain que conta que veio ao Irã a convite de uma lenda do Tae Kwon Do no país, Hadi Saei, iraniano bi-campeão olímpico e 3 vezes campeão mundial.
Hussein Tarabain é paranaense de Foz do Iguaçu, 17 anos, é o atual vice-campeão pan-americano sub-18 de “Tae Kwon Do”, em 2007, em Daytona Beach, nos Estados Unidos, na categoria que vai de 64 a 68 kg. Tae Kwon Do – que significa caminho dos pés e da mente – é um esporte de origem coreana que ganhou muitos adeptos no Brasil nos anos 80 graças ao Mestre You Ming Kim que dizia que “o ‘Tae Kwon Do’ ensina as pessoas a ter autocontrole”.

 

Quando perguntado sobre o que esta achando do país, diz: “Apesar de grandes diferenças na cultura, há muitas coisas legais a conhecer no Irã e os iranianos são muito hospitaleiros”, mas confessa “não largaria o Brasil por nada”.

 

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Sob forte regime religioso, Irã completa 30 anos da Revolução

segunda-feira, fevereiro 16th, 2009

08 de Fevereiro de2008 :: Nazen Carneiro, especial para a Gazeta do Povo.

É fundamental para compreensão do impacto da revolução islâmica hoje, uma introdução histórica. Há 30 anos fugia do Irã rumo aos Estados Unidos, o monarca ‘Xá’ Reza Pahlavi, acabando com recém completos 2500 anos de existência do Império Persa sem nunca ser colonizado por outro país. Este efeito teve como causa a revolta civil contra os gastos excessivos e supérfluos da monarquia, a corrupção do governo e a influência externa na economia e cultura iraniana e islâmica, fator preponderante na argumentação de líderes religiosos e de grupos não-islâmicos para aglutinar pessoas em torno da deposição do regime.

Estava pronto o cenário para uma mudança muito grande no país onde os movimentos de oposição ao “Xá” e pró-Islam foram forçados a organizar-se para continuar a existir sob forte repressão, especialmente a religião muçulmana, por parte do governo que desejava reviver o orgulho dos tempos de Imperadores como “Ciro o Grande” e “Dario o Grande”, chegando a alterar o calendário e o ano do país de acordo com o nascimento de Ciro.

Depois de ser preso por 18 meses e durante anos de exílio, Aiatolá Khomeini comanda a organização de movimentos islâmicos xiitas no país e quando retorna de Paris ao Irã, em 1979, é recebido por uma multidão em polvorosa. No dia 11 de Fevereiro, com a declaração de neutralidade das Forças Armadas, acaba o regime monárquico. Paralelamente ao governo provisório do primeiro ministro, Aiatolá Khomeini conduz o processo que leva ao plebiscito popular sobre a criação de uma República Islâmica.

Baseada nos preceitos do Islamismo Xiita criou-se um sistema teocrático, onde a Lei do País é a ‘Sharya’ – lei islâmica baseada no livro sagrado Corão. Acima do parlamento e do presidente está o ‘líder supremo’, o qual delibera sobre a guerra e a paz, aprova ou veta leis e tem a última palavra em vários assuntos de Estado. O cargo, primeiramente ocupado pelo Aiatolá Khomeini, hoje pertence a Aiatolá Khamenei – e digo pertence, pois não tem duração de mandato estipulado e somente o Conselho dos Sábios pode propor sua substituição, de acordo com análise de sua conduta sob os valores da moral islâmica e da revolução iraniana.

Com o aparente orgulho dos cidadãos em relação a revolução, fica difícil colher opiniões sobre falhas do regime, as quais mais consistentemente consegui obter em palestras como na proferida na Universidade de Religiões Comparadas, em Janeiro deste ano, com o ‘Xeique’ Sayed Abul Hassan Navab, ex-membro do ministério de relações exteriores iraniano. Ele afirma que “o Irã, por diversas razões, acabou por desenvolver mais o setor público que o setor privado, o que causa dificuldades hoje” e complementa: “Com nossas dificuldades ainda não conseguimos eliminar a pobreza do país e os bens não são acessíveis a todos, mas acredito que em pouco tempo iremos atingir estas metas”. Trita Parsi, presidente do Conselho Iraniano-Americano nos Estados Unidos, afirma que “O governo sente a pressão externa, e segmentos da sociedade iraniana estão em descompasso com os aiatolás. Mas o regime está firme e forte“.

Para a celebração do trigésimo ano da revolução iraniana, na segunda-feira, 12 de Fevereiro,o governo do país preparou uma surpresa  para seus cidadãos e outros países: “o lançamento do satélite ‘Omid’ (esperança), com capacidade de telecomunicações ”, afirma Jon Leyne, enviado da BBC em Teerã.

No Irã a censura a informação – além de bloquear sites como o Orkut – altera textos de filmes e peças de teatro retirando cenas de beijo, sexo e consumo de álcool. Em alguns casos a censura produziu fatos bizarros, como o relatado pelo Xeique (clérigo islâmico) Mohsen Ashraf Zadeh: “Algum tempo atrás na TV ia passar o filme japonês ‘A Última Gueixa’, mas a censura alterou tanto a história que ela já não era mais uma gueixa e a Embaixada do Japão decidiu recomprar os direitos de exibição do filme para preservar seu conteúdo”.

Jovens celebram 30 anos da revolucao junto de evento da Ashura*

Jovens celebram 30 anos da revolucao junto de evento da Ashura*

A celebração

A menos de uma semana do início da comemoração do aniversário da revolução, chamada na língua local – persa – de “Darreie Fadjer”, ou “10 dias de Nascer do Sol”, vê-se muitas bandeiras e preparativos para o evento que reúne a população, artistas, atletas, clérigos e membros do governo para discursar e participar de atividades em praças e ruas. Além disso, é costume visitar cemitérios de ‘mártires’ da revolução, lavar seus túmulos, orar e deixar flores. Pelas ruas das principais cidades se vê também muitos cartazes e pinturas com imagens dos aiatolás Khomeini, morto em 1989, e Khamenei, junto da bandeira do Irã com dizeres nacionalistas além de diversos outdoors com fotos dos primeiros momentos da revolução. Nos canais de televisão, todos pertencentes ao estado, há muitas propagandas sobre o evento além de documentários, entrevistas e filmes para públicos de várias idades.


O conflito político entre Irã e Estados Unidos

A tensão entre os grupos islâmicos iranianos e os Estados Unidos mostra as caras em 1953 quando o Presidente dos Estados Unidos, Dwight  D. Eisenhower, concede asilo político ao ‘Xá’ Muhammad Pahlavi – deposto por seu primeiro ministro após nacionalização do setor petrolífero – e conduz, através da CIA, a operação Ajax, para restabelecer o regime monárquico em favor de empresas multinacionais estrangeiras. Nos anos 80, com o apoio bélico da Casa Branca, o Iraque de Saddam Hussein atacou o Irã e, segundo estimativas, deixou 1 milhão de mortos numa guerra que durou oito anos.

Estes fatos, somados a intervenção em outros países do Oriente Médio e o constante apoio a Israel, fez com que proliferasse no país um pensamento anti Estados Unidos. Claramente no Irã é predominante, através de vasta gama de materiais, entre livros, DVDs e programas de TV, a opinião de que os governos de tais países desejam o fim da revolução Islâmica. Em várias redes de televisão são constantes notícias e mensagens que citam o sionismo e as invasões militares americanas no oriente médio, deixando clara a atenção que o governo e o povo dão ao assunto.

Como os iranianos vêem o governo Obama?

O governo de Barack Obama divide opiniões na população do Irã. Mesmo concordando que haverá mudanças, a discordância se dá na profundidade e razão das mesmas. “Não acredito que Obama altere a política externa significativamente pois existe um jogo ‘por trás das cortinas’ ao qual ele pouco pode fazer”, declara Ashraf Zadeh. Já o empresário Ahmad Kamali, dono de uma loja de informática em Qom, afirma que espera uma mudança: “São tantas injustiças e crueldades do governo Bush que não acredito que a população americana permitiria que Obama continuasse dessa maneira”, afirma.


Tecnologia nuclear

Há unanimidade entre os iranianos, com quem conversei, defendendo sua utilização com fim de geração de energia e alguns adicionam que os mesmo que apontam os riscos do país ter uma arma nuclear, são os únicos que já a utilizaram em conflitos. “Com tantos embargos econômicos sofridos pelo país, é nosso direito desenvolver tecnologias visando a auto-suficiência na agricultura, energia, indústria e até mesmo no espaço”, afirma Sayed Navab.

Leia Materias publicadas por Nazen Carneiro na Gazeta do Povo sobre o Irã

sexta-feira, fevereiro 13th, 2009

Sob forte regime religioso Irã completa 30 anos da Revolução islâmica

http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/mundo/conteudo.phtml?tl=1&id=855483&tit=Sob-forte-regime-religioso-Ira-completa-30-anos-da-Revolucao

Paranaense treina Tae Kwon Do com iraniano lenda do esporte

http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/mundo/conteudo.phtml?tl=1&id=855487&tit=Paranaense-treina-com-iraniano

País de Tradições Milenares

http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/mundo/conteudo.phtml?tl=1&id=855486&tit=Pais-de-tradicoes-milenares

Israel usou armas quimicas em Gaza

domingo, fevereiro 1st, 2009

Um Giro Pelo Oriente Medio
001

Cartaz Pro-Gaza espalhado nas ruas do Irã

Cartaz Pro-Gaza espalhado nas ruas do Irã

29/01/2009 – 19h23

Médico afirma que Israel usou urânio e fósforo em ataques a Gaza

 

 

da Efe, em Argel / Folha de Sao Paulo

 

Mohamed Khouidmi, cirurgião argelino que trabalhou durante a ofensiva de Israel contra Gaza no hospital de Shifa, o maior do território palestino, afirmou que o Exército israelense usou urânio e fósforo branco nos bombardeios à região.

Khouidmi acaba de voltar à Argélia, após atuar como responsável de emergência em Shifa. Em entrevista ao jornal argelino “Liberté”, ele afirmou que foi possível ver nos ferimentos de várias pessoas sequelas provocadas pelo urânio.

“O Exército israelense usou mísseis antipessoais que explodiam cerca de 50 centímetros da superfície, o que provoca a amputação dos membros inferiores das pessoas que estão no perímetro da deflagração”, afirmou o médico.

O especialista explicou que os feridos por esses mísseis, após horas de intervenção cirúrgica no hospital e, uma vez realizada a amputação e fechada a ferida, eram internados no serviço de reanimação.

“Depois de duas ou três horas, a ferida voltava a abrir-se e a hemorragia matava o paciente”, disse Khouidmi, que explicou que isto aconteceu em algumas ocasiões no hospital e que os especialistas concluíram que havia presença de urânio nos mísseis israelenses.

Fósforo branco

O cirurgião argelino afirmou que o que viu em Gaza foi “pior” que o que encontrou no Iraque ou no sul do Líbano, aonde também foi como voluntário médico.

“O que eu constatei em Gaza era estranho, nada a ver com o que pude ver em outros conflitos”, explicou.

Além disso, ressaltou que os corpos que examinou no depósito tinham “os intestinos queimados e exalavam um cheiro de alho”, por isso disse não ter “nenhuma dúvida” de que o Exército israelense também utilizou fósforo branco em seus ataques.

Khouidmi explicou que ele e outros especialistas que trabalharam em Gaza elaboraram um relatório com exames detalhados e o enviaram ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

Eles pedem à organização o envio de uma comissão de investigação neutra sobre a utilização de armas proibidas por parte de Israel, “especialmente o urânio”.

Organizações humanitárias das Nações Unidas e a Cruz Vermelha já haviam denunciado o uso de fósforo branco por parte do Exército de Israel contra civis, o que é classificado como crime de guerra.