Archive for junho, 2009

Construtor diz que comitê de apoio a Richa recebeu R$ 134 mil não contabilizados

quarta-feira, junho 24th, 2009
24/06/2009 – 07h44

Construtor diz que comitê de apoio a Richa recebeu R$ 134 mil não contabilizados


da Agência Folha, em Curitiba | DIMITRI DO VALLE

www.nazen.tk

Em depoimento na Procuradoria Regional Eleitoral, o construtor Rodrigo Oriente, 34, disse ontem que o comitê “Lealdade”, de apoio à reeleição do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), gastou R$ 134 mil não declarados à Justiça Eleitoral no custeio de eventos da campanha em 2008.

O construtor disse que, desse valor, R$ 47 mil foram bancados por ele, em empréstimo. Oriente afirmou que a outra parte do dinheiro vinha da coligação “Curitiba o Trabalho Continua”, de apoio a Richa. De acordo com o construtor, a verba era repassada ao chefe do comitê, Alexandre Gardolinski.

O caso de denúncia de suposto caixa dois na campanha de Richa veio à tona com a veiculação de vídeos feitos dentro do comitê “Lealdade”. Eles mostram integrantes planejando difamar adversários, assinando recibos frios e recebendo suposto dinheiro não contabilizado à Justiça Eleitoral.

Os vídeos foram gravados com câmera escondida por Gardolinski, na época da campanha eleitoral. Oriente, que trabalhava no comitê, levou as gravações para a Procuradoria Eleitoral no último dia 12 –segundo ele, em protesto por não ter recebido de volta o dinheiro que emprestou a Gardolinski.

O construtor também disse que sua participação no custeio do comitê pode ser comprovada porque muitas compras foram pagas com seu cartão de crédito. A Procuradoria recebeu cópias dessas faturas.

Após a campanha, o construtor disse que não conseguiu cobrar os R$ 47 mil que havia emprestado a Gardolinski. Segundo o construtor, o chefe do comitê lhe propôs um cargo na prefeitura para recuperar o dinheiro em até 18 meses por meio do salário de R$ 3.300.

“Disse a ele que não queria que me pagassem uma despesa particular com dinheiro público”, afirmou Oriente.

Gardolinski não foi localizado pela Folha ontem.

A assessoria do prefeito Beto Richa foi procurada durante o dia, já antes do depoimento de Oriente, para que ele se manifestasse sobre a série de denúncias que surgiram após a demissão de um de seus secretários, Manassés Oliveira, que também aparece nos vídeos manuseando dinheiro.

A assessoria disse que ele não se manifestaria. Os indicados para falar sobre o caso foram Fernando Ghignone, coordenador da campanha, e Ivan Bonilha, procurador-geral do município e advogado na campanha de Richa, mas, segundo a assessoria, os dois não foram localizados ontem à noite.

Richa vem negando envolvimento nas denúncias. Diz que quando tomou conhecimento demitiu os envolvidos.

Rússia evita confrontos e diz que crise no Irã é assunto interno

terça-feira, junho 23rd, 2009
22/06/2009 – 14h34

Rússia evita confrontos e diz que crise no Irã é assunto interno

da Folha Online

A Chancelaria russa afirmou nesta segunda-feira que a atual crise política iraniana provocada pelos protestos da oposição contra a fraude eleitoral no pleito que reelegeu Mahmoud Ahmadinejad é um “assunto interno”. A declaração é mais um sinal da cautela adotada pela Rússia ao abordar o tema, que originou reações mais críticas da comunidade internacional, em especial a Europa.

“Encaramos todos os eventos relacionados com as eleições no Irã como um assunto exclusivamente interno desse país”, assegurou a Chancelaria em comunicado, divulgado por agências de notícias russas.

“Consideramos que as dissensões surgidas após a realização das eleições devem ser reguladas em estrita consonância com a Constituição e a legislação iraniana”, completa a nota.

Poucos dias depois da vitória anunciada de Ahmadinejad, o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, cumprimentou publicamente o colega iraniano pela vitória. O gesto foi repetido pelos presidentes da China, Hu Jintao; e dos demais membros da Organização de Cooperação de Xangai –da qual o Irã participou como consultor.

Pressão

Em um discurso mais crítico, o governo alemão pediu “explicações” ao embaixador iraniano em Berlim depois que Teerã anunciou que está reconsiderando suas relações com vários países, entre eles a Alemanha, por suposta ingerência em assuntos internos.

O porta-voz do governo, Ulrich Wilhelm, afirmou que Berlim não cometeu nenhuma ingerência ao reivindicar o esclarecimento de supostas irregularidades nas eleições presidenciais iranianas ou ao pedir tanto o fim da violência nas manifestações como o livre exercício do direito à informação.

Nos últimos dias, tanto a chanceler alemã, Angela Merkel, como o ministro de Assuntos Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, cobraram do Irã a recontagem dos votos e condenaram a repressão violenta aos protestos dos opositores do regime –que já deixou ao menos 17 mortos.

Fontes do Ministério de Relações Exteriores alemão disseram nesta segunda-feira que o embaixador iraniano foi convocado apenas para apresentar explicações sobre a decisão do Parlamento do Irã de reconsiderar as relações com França, Alemanha e Reino Unido.

Neste domingo, o regime iraniano acusou as potências estrangeiras, especialmente os Estados Unidos e o Reino Unido, de interferir nos assuntos internos do Irã e de estimular os distúrbios no país.

“Folha” edita entrevista visando eleições de 2010

sexta-feira, junho 12th, 2009

08 de Junho de 2009  –  extração da revista Caros Amigos

Mais uma da Folha……
 

Carta pública de Antonio Roberto Espinosa
Jornalista, professor de Política Internacional, doutorando em Ciência Política pela USP, autor de “Abraços que sufocam” E outros ensaios sobre a liberdade e editor da Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe.

 

Caros amigos,

A Folha de São Paulo preparou uma “armadilha” para a Dilma usando uma entrevista que concedi a uma das suas repóteres da sucursal de Brasília. Encaminhei a carta abaixo à redação. E peço que todos os amigos que a façam chegar a quem acharem necessário: redações de jornais, revistas, emissoras de TV e pessoas que talvez possam ser afetadas ou se sintam indignadas pela má fé dos editores do jornal. Como sabem, sou favorável à transparência, por achar que a verdade é sempre o melhor caminho e, no fundo, revolucionária.
Á coluna painel do leitor

Seguem cópias para o Ombudsman e para a redação. Vou enviar cópias também a toda a imprensa nacional. Peço que esta carta seja publicada na próxima edição. Segue abaixo:

 

Prezados senhores,

Chocado com a matéria publicada na edição de hoje (domingo, 5), páginas A8 a A10 deste jornal, a partir da chamada de capa “Grupo de Dilma planejou seqüestro de Delfim Neto”, e da repercussão da mesma nos blogs de vários de seus articulistas e no jornal Agora, do mesmo grupo, solicito a publicação desta carta na íntegra, sem edições ou cortes, na edição de amanhã, segunda-feira, 6 de abril, no “Painel do Leitor” (ou em espaço equivalente e com chamada de capa), para o restabelecimento da verdade, e sem prejuízo de outras medidas que vier a tomar. Esclareço preliminarmente que:

1) Não conheço pessoalmente a repórter Fernanda Odilla, pois fui entrevistado por ela somente por telefone. A propósito, estranho que um jornal do porte da Folha publique matérias dessa relevância com base somente em “investigações” telefônicas;

2) Nossa primeira conversa durou cerca de 3 horas e espero que tenha sido gravada. Desafio o jornal a publicar a entrevista na íntegra, para que o leitor a compare com o conteúdo da matéria editada. Esclareço que concedi a entrevista porque defendo a transparência e a clareza histórica, inclusive com a abertura dos arquivos da ditadura. Já concedi dezenas de entrevistas semelhantes a historiadores, jornalistas, estudantes e simples curiosos, e estou sempre disponível a todos os interessados;

3) Quem informou à Folha que o Superior Tribunal Militar (STM) guarda um precioso arquivo dos tempos da ditadura fui eu. A repórter, porém, não conseguiu acessar o arquivo, recorrendo novamente a mim, para que lhe fornecesse autorização pessoal por escrito, para investigar fatos relativos à minha participação na luta armada, não da ministra Dilma Rousseff. Posteriormente, por e-mail, fui novamente procurado pela repórter, que me enviou o croquis do trajeto para o sítio Gramadão, em Jundiaí, supostamente apreendido no aparelho em que eu residia, no bairro do Lins de Vasconcelos, Rio de Janeiro. Ela indagou se eu reconhecia o desenho como parte do levantamento para o seqüestro do então ministro da Fazenda Delfim Neto. Na oportunidade disse-lhe que era a primeira vez que via o croquis e, como jornalista que também sou, lhe sugeri que mostrasse o desenho ao próprio Delfim (co-signatário do Ato Institucional número 5, principal quadro civil do governo ditatorial e cúmplice das ilegalidades, assassinatos e torturas).
Afirmo publicamente que os editores da Folha transformaram um não-fato de 40 anos atrás (o seqüestro que não houve de Delfim) num factóide do presente (iniciando uma forma sórdida de anticampanha contra a Ministra). A direção do jornal (ou a sua repórter, pouco importa) tomou como provas conclusivas somente o suposto croquis e a distorção grosseria de uma longa entrevista que concedi sobre a história da VAR-Palmares. Ou seja, praticou o pior tipo de jornalismo sensacionalista, algo que envergonha a profissão que também exerço há mais de 35 anos, entre os quais por dois meses na Última Hora, sob a direção de Samuel Wayner (demitido que fui pela intolerância do falecido Octávio Frias a pessoas com um passado político de lutas democráticas). A respeito da natureza tendenciosa da edição da referida matéria faço questão de esclarecer:

a) A VAR-Palmares não era o “grupo da Dilma”, mas uma organização política de resistência à infame ditadura que se alastrava sobre nosso país, que só era branda para os que se beneficiavam dela. Em virtude de sua defesa da democracia, da igualdade social e do socialismo, teve dezenas de seus militantes covardemente assassinados nos porões do regime, como Chael Charles Shreier, Yara Iavelberg, Carlos Roberto Zanirato, João Domingues da Silva, Fernando Ruivo e Carlos Alberto Soares de Freitas. O mais importante, hoje, não é saber se a estratégia e as táticas da organização estavam corretas ou não, mas que ela integrava a ampla resistência contra um regime ilegítimo, instaurado pela força bruta de um golpe militar;

b) Dilma Rousseff era militante da VAR-Palmares, sim, como é de conhecimento público, mas sempre teve uma militância somente política, ou seja, jamais participou de ações ou do planejamento de ações militares. O responsável nacional pelo setor militar da organização naquele período era eu, Antonio Roberto Espinosa. E assumo a responsabilidade moral e política por nossas iniciativas, denunciando como sórdidas as insinuações contra Dilma;

c) Dilma sequer teria como conhecer a idéia da ação, a menos que fosse informada por mim, o que, se ocorreu, foi para o conjunto do Comando Nacional e em termos rápidos e vagos. Isto porque a VAR-Palmares era uma organização clandestina e se preocupava com a segurança de seus quadros e planos, sem contar que “informação política” é algo completamente distinto de “informação factual”. Jamais eu diria a qualquer pessoa, mesmo do comando nacional, algo tão ingênuo, inútil e contraproducente como “vamos seqüestrar o Delfim, você concorda?”. O que disse à repórter é que informei politicamente ao nacional, que ficava no Rio de Janeiro, que o Regional de São Paulo estava fazendo um levantamento de um quadro importante do governo, talvez para seqüestro e resgate de companheiros então em precárias condições de saúde e em risco de morte pelas torturados sofridas. A esse propósito, convém lembrar que o próprio companheiro Carlos Marighela, comandante nacional da ALN, não ficou sabendo do seqüestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick. Por que, então, a Dilma deveria ser informada da ação contra o Delfim? É perfeitamente compreensível que ela não tivesse essa informação e totalmente crível que o próprio Carlos Araújo, seu então companheiro, diga hoje não se lembrar de nada;

d) A Folha, que errou a grafia de meu nome e uma de minhas ocupações atuais (não sou “doutorando em Relações Internacionais”, mas em Ciência Política), também informou na capa que havia um plano detalhado e que “a ação chegou a ter data e local definidos”. Se foi assim, qual era o local definido, o dia e a hora? Desafio que os editores mostrem a gravação em que eu teria informado isso à repórter;

e) Uma coisa elementar para quem viveu a época: qualquer plano de ação envolvia aspectos técnicos (ou seja, mais de caráter militar) e políticos. O levantamento (que é efetivamente o que estava sendo feito, não nego) seria apenas o começo do começo. Essa parte poderia ficar pronta em mais duas ou três semanas. Reiterando: o Comando Regional de São Paulo ainda não sabia com certeza sequer a freqüência e regularidade das visitas de Delfim a seu amigo no sítio. Depois disso seria preciso fazer o plano militar, ou seja, como a ação poderia ocorrer tecnicamente: planejamento logístico, armas, locais de esconderijo etc. Somente após o plano militar seria elaborado o plano político, a parte mais complicada e delicada de uma operação dessa natureza, que envolveria a estratégia de negociações, a definição das exigências para troca, a lista de companheiros a serem libertados, o manifesto ou declaração pública à nação etc. O comando nacional só participaria do planejamento , portanto, mais tarde, na sua fase política. Até pode ser que, no momento oportuno, viesse a delegar essa função a seus quadros mais experientes, possivelmente eu, o Carlos Araújo ou o Carlos Alberto, dificilmente a Dilma ou Mariano José da Silva, o Loiola, que haviam acabado de ser eleitos para a direção; no caso dela, sequer tinha vivência militar;

f) Chocou-me, portanto, a seleção arbitrária e edição de má-fé da entrevista, pois, em alguns dias e sem recursos sequer para uma entrevista pessoal apelando para telefonemas e e-mails, e dependendo das orientações de um jornalista mais experiente, no caso o próprio entrevistado -, a repórter chegou a conclusões mais peremptórias do que a própria polícia da ditadura, amparada em torturas e num absurdo poder discricionário. Prova disso é que nenhum de nós foi incriminado por isso na época pelos oficiais militares e delegados dos famigerados Doi-Codi e Deops e eu não fui denunciado por qualquer um dos três promotores militares das auditorias onde respondi a processos, a Primeira e a Segunda auditorias de Guerra, de São Paulo, e a Segunda Auditoria da Marinha, do Rio de Janeiro.
Osasco, 5 de abril de 2009

Antonio Roberto Espinosa

Jornalista, professor de Política Internacional, doutorando em Ciência Política pela USP, autor de “Abraços que sufocam” E outros ensaios sobre a liberdade e editor da Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe.