Rússia evita confrontos e diz que crise no Irã é assunto interno

22/06/2009 – 14h34

Rússia evita confrontos e diz que crise no Irã é assunto interno

da Folha Online

A Chancelaria russa afirmou nesta segunda-feira que a atual crise política iraniana provocada pelos protestos da oposição contra a fraude eleitoral no pleito que reelegeu Mahmoud Ahmadinejad é um “assunto interno”. A declaração é mais um sinal da cautela adotada pela Rússia ao abordar o tema, que originou reações mais críticas da comunidade internacional, em especial a Europa.

“Encaramos todos os eventos relacionados com as eleições no Irã como um assunto exclusivamente interno desse país”, assegurou a Chancelaria em comunicado, divulgado por agências de notícias russas.

“Consideramos que as dissensões surgidas após a realização das eleições devem ser reguladas em estrita consonância com a Constituição e a legislação iraniana”, completa a nota.

Poucos dias depois da vitória anunciada de Ahmadinejad, o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, cumprimentou publicamente o colega iraniano pela vitória. O gesto foi repetido pelos presidentes da China, Hu Jintao; e dos demais membros da Organização de Cooperação de Xangai –da qual o Irã participou como consultor.

Pressão

Em um discurso mais crítico, o governo alemão pediu “explicações” ao embaixador iraniano em Berlim depois que Teerã anunciou que está reconsiderando suas relações com vários países, entre eles a Alemanha, por suposta ingerência em assuntos internos.

O porta-voz do governo, Ulrich Wilhelm, afirmou que Berlim não cometeu nenhuma ingerência ao reivindicar o esclarecimento de supostas irregularidades nas eleições presidenciais iranianas ou ao pedir tanto o fim da violência nas manifestações como o livre exercício do direito à informação.

Nos últimos dias, tanto a chanceler alemã, Angela Merkel, como o ministro de Assuntos Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, cobraram do Irã a recontagem dos votos e condenaram a repressão violenta aos protestos dos opositores do regime –que já deixou ao menos 17 mortos.

Fontes do Ministério de Relações Exteriores alemão disseram nesta segunda-feira que o embaixador iraniano foi convocado apenas para apresentar explicações sobre a decisão do Parlamento do Irã de reconsiderar as relações com França, Alemanha e Reino Unido.

Neste domingo, o regime iraniano acusou as potências estrangeiras, especialmente os Estados Unidos e o Reino Unido, de interferir nos assuntos internos do Irã e de estimular os distúrbios no país.

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