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Na minha humilde opinião, penso que o pior mal da formação de opinião é basear-se nas mesmas e recorrentes fontes. A concentração de veículos de comunicação nas mãos de poucos grupos, famílias, no Brasil é clara, entretanto, devemos notar que mundialmente o cenário é muito similar.
Quando a imprensa do “Ocidente” – termo falsamente propagado, como se os páíses ocidentais fossem todos alinhados – aborda questões do Oriente Médio, o faz sob o espesso “chador” do nosso preconceito e desinformação acerca dos países e da história da região em geral.
Observando isto, traduzi o artigo do jornalista iraniano Kourosh Ziabari, publicado no site AlJazeera.com sobre o conflito travado entre os governos de Israel e Irã na midia e na ONU.
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Israel atacará o Irã?
Aqueles que operam o sistema dos EUA de “pressão politico-psicológica” contra o Irã obviamente esquereceram que os iranianos agora estão acostumados a ver a exaustiva (e exaustante) campanha “o Irá pode ser atacado“. Ora via EUA, ora via Israel, a ameaça busca colocar a população iraniana contra o governo.
Nos ultimos cinco anos, o Irã tem sido constantemente ameaçado – através dos conglomerados de midia internacionais – com a possibilidade de uma “guerra iminente”.
Mas, e que guerra é esta?
Trata-se da guerra contra Teerã para retirar o regime republicano islâmico do Irã e trazer ao poder um regime ‘democrático’ ( Assim como fez nos outros países do mundo que invadiu ) que assim será aceito pela comunidade internacional.
Desde que o Presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, assumiu o cargo em 2005, faz tentativas de reverter a posição passiva e submissiva do país em relação as superpotências Ocidentais e Orientais e propôs novas teorias para uma inovadora ordem mundial. Ele acelerou o programa nuclear iraniano e realizou avanços memoráveis na nacionalização pacífica do uso da energia nuclear no país. Além disto Ahmadinejad colocou perguntas perspicazes e inteligentes, sobre Israel, à comunidade internacional:
“por que Israel possui armas nucleares violando as leis e tratados internacionais?”
“Por que Israel ocupa territórios que não lhe pertencem?”
“Por que Israel, desde sua criação, repetidamente inicia guerras e conflitos com seus vizinhos”
“por que o Holocausto é usado como pretexto para oprimir a nação palestina?”
“Por que o Irã pode ser privado do uso pacífico da energia nuclear enquanto países possuem milhares de armas nucleares de destruição em massa, como Estados Unidos, Russia, França, Reino Unido e China
As perguntas acima não foram ‘bem digeridas’ pelo governo e elite dos EUA e seus aliados. Assim algumas medidas foram adotadas para sufocar as palavras deste homem e da nação que ele representa internacionalmente. A razão é simples. Ahmadinejad e o Irã nãofarão concessões e suas palavras devem ser silenciadas. A pergunta é quem pagará para silenciar o Ahmadinejad e o Irã? Existem opções militares plausíveis?
A resposta é simples: Não. O Irã é diferente do Iraque, Afeganistão e os países que Israel já atacou. O povo do Irã tem mostrado que reage categoricamente contra a agressão das potências.
Então a melhor opção considerada é uma operação de “terror psicológico” contra o povo do Irã através da coerção, falsificação, distorção e da intimidação.
Este projeto foi lançado com esta escala a cerca de cinco anos, quando os principais veículos da midia dos EUA e Europa gradualmente começaram a alardear uma guerra imaginária contra o Irã.
O homem que iniciou as atividades foi Scott Ritter, ex-chefe das Nações Unidas para inspeção de armas no Iraque. Em 19 de Fevereiro de 2005 Scott declarou a mídia que o então presidente americano George W. Bush preparava ataque aéreo ao Irã para Junho do mesmo ano, sob a mesma alegação que usara contra o Iraque: Destruição do programa nuclear do país; que visa produção de armas.
Ritter sempre citou a possibilidade da queda do regime iraniano, presionado pelos neocons os quais buscavam persuadir Bush a extender a guerra até o Irã.
As primeiras ameaças pareceram tão realistas que enganaram até mesmo o veterano jornalista investigativo Seymour Hersh. Em 24 de Janeiro de 2005, Hersh escreveu em artigo para o New Yorker, que os Estados Unidos se preparavam para lançar campanha militar contra o Irã.
A época citava oficial de alto escalão das forças armadas: “Declaramos guerra aos ‘caras maus’. O próximo é o Irã. Não importa onde os inimigos estiverem, nós iremos lá“, dizendo assim vencer o terrorismo*.
Em 2006 também as fofocas sugeriam que o Irã seria atacado, por Israel ou EUA, ou ambos. Em Agosto, ex-chefe do Serviço de inteligência do Paquistão Major General Hamid Gul declarou publicamente que o Irã seria atacado, citando inclusive datas. Falando ao parlamento ele anunciou que: “A America definitvamente atacará o Irã e Síria, simultaneamente em Outubro“. Tais afirmações não se confirmaram.
As mesmas ameças continuaram em 2007 e até mesmo o então secretário geral da Lliga Árabe disse: “A possibilidade é 50\50, esperamos que não aconteça nada pois seria contraprodutivo”.
A atmosfera criada nos EUA convenceu a muitos pelo mundo que existe necessidade de presionar e\ou atacar o Irã
Com Obama as ameaças continuaram e inclusive um parlamentar dos EUA, John Bolton declarou: “Todas as opçoes estão na mesa”, beligerante. Ataques de Israel a Usinas de Energia no Irã foram alardeadas através da mais ativa frente de guerra: os jornais e sites de suas empresas.
Enquanto o Irã é ameaçado com armas nucleares e denuncias dos Direitos Humanos, Israel continua a humilhar em guerra sem fim contra os cidadãos civis palestinos em Gaza e na Cisjordânia. A verdade é que Israel não ousaria atacar o Irã, porém a propaganda da máquina sionista não cessará.
Kourosh Ziabari é jornalista freelance que trabalhou para ‘Tlaxcala’ and ‘Foreign Policy Journal’
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artigo reproduzido em
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Israel will attack Iran: Will Israel attack Iran?
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By Kourosh Ziabari
Those who mastermind the U.S.-directed psychological operation against Iran have obliviously forgotten that we’re now accustomed to seeing the uninteresting, exhausting charade of “will attack Iran”; you put the subject for it, either the United States or Israel. Over the past five years, Iran has been recurrently under the threat of an imminent war which the mainstream media have overwhelmingly talked of; a war against Tehran to overthrow the Islamic Republic and bring to power a “democratic” regime which the “international community” favors. Since President Mahmoud Ahmadinejad assumed office in 2005 as the Iranian head of state, he made attempts to reverse the passive, submissive stance of Iran towards the Eastern and Western superpowers and proposed new theories for an innovative international order. He accelerated Iran’s nuclear program and made remarkable advancements in nationalizing the peaceful use of nuclear energy in Iran. He put forward insightful and astute questions: “why should Israel possess nuclear weapons in violation of the international law”, “why should Israel occupy the lands which don’t belong to it”, “why should Israel repeatedly threaten its neighbors and wage wars against them”, “why should Holocaust be used as a pretext to suppress the Palestinian nation?”, “why should Iran be deprived of the peaceful uses of nuclear power while the United States, Russia, France, United Kingdom and China have thousands of nuclear weapons?” These questions were not digestible for the United States and its stalwart allies around the world; therefore, some measures should be adopted to suffocate this man and the people he represents internationally. The reason was simple. Ahmadinejad and Iran would not make concessions and thus should be silenced at any cost. So, who is going to pay the price for silencing Iran? Are the military options plausible? The answer is simply “no”. Iran is different from Iraq, Afghanistan and all of the countries which Israel attacked during its period of existence in the Middle East. The people of Iran have demonstrated that they react to the aggressive powers categorically. So, the best option would be to stage an all-out psychological operation in which the means of coercion, falsification, distortion, fabrication and intimidation might be used. The project was set off almost five years ago, when the U.S. and European mainstream media gradually began trumpeting for an imaginative war against Iran. The first man to set in motion the project was Scott Ritter, the former chief United Nations weapons inspector in Iraq. He told the media on February 19, 2005 that George Bush is laying the groundwork for an all-out attack against Iran: “President George W. Bush has received and signed off on orders for an aerial attack on Iran planned for June 2005. Its purported goal is the destruction of Iran’s alleged program to develop nuclear weapons.” With what was described as Ritter’s “greatest skepticism”, he also talked of the possibility of a regime change in Iran, pushed by the neoconservatives who were trying to persuade the ex-President Bush to broaden the extents of war to topple the Islamic Republic. The primary threats looked so realistic and actual that even deceived the veteran investigative journalist, Seymour Hersh, who wrote in a January 24, 2005 article in the New Yorker that U.S. is getting prepared to launch a military strike against Iran. He quoted a high-ranking intelligence official as telling him: Next, we’re going to have the Iranian campaign. We’ve declared war and the bad guys, wherever they are, are the enemy. This is the last hurrah—we’ve got four years, and want to come out of this saying we won the war on terrorism.” In 2006, the gossips were strongly suggesting that there’ll be an attack against Iran, either by Israel or the United States. In August 2006, the former chief of Pakistan’s Inter-Services Intelligence (ISI) Major General Hamid Gul emphatically proclaimed that Iran will be attacked by the United States. Interestingly, he also specified the exact time of the attack. Talking to the Pakistani Parliament, he predicted that “America would definitely attack Iran and Syria simultaneously in October.” Along with the previous predictions, however, General Gul’s prediction about an imminent assault on Iran transpired to be futile. The same events continued to happen in 2007; futile predictions and empty threats, either by those who were involved in the conflict with Iran or those who did not have a role. On January 24, 2007, the Arab League Secretary General Amr Moussa told Reuters on the sidelines of the World Economic Forum that there’s a possibility of U.S. attacking Iran: “It’s a 50/50 proposition, and we hope that it won’t happen. Attacking Iran would be counterproductive.” The atmosphere created by the United States and its allies was so imposing and impressive that had influenced everyone, from the most pragmatic, down-to-earth journalists to the most adventurous, overconfident politicians. Quoting the Kuwaiti paper Arab Times, John Pilger wrote in a “New Statesman” article dated February 5, 2007 that Bush will attack Iran, and also gave the military details of the attack according to the statements of a Russian military official: “The well-informed Arab Times in Kuwait says that Bush will attack Iran before the end of April. One of Russia’s most senior military strategists, General Leonid Ivashov, says the U.S. will use nuclear munitions delivered by cruise missiles launched from the Mediterranean.” Untruthfulness and falsehood had pervaded the mainstream media and they had simply failed to take seriously the possibility of losing their reputation as a result of proposing unrealistic, improbable and pointless predictions. They were only after serving the interests of their governmental owners and trumpeting for a non-existing war which was about to be waged against Iran. On March 5, 2007, the Reuters AlterNet quoted analysts that there could be a chance for a possible military strike against Iran. This time, the attacker was destined to remain unspecified: “Risk analysts say there could be an up to one-in-three chance that the United States or Israel will attack Iran by the end of this year, and markets may not be doing enough to hedge against the impact.” This employment of the “United States or Israel” was the newest psychological operation tactic; spreading uncertainty and ambiguity to overawe and subdue Iran. In 2008, the most entertaining charade of the game was initiated by John Bolton, a politician who seemed to be enormously interested in playing the role of a new Nostradamus. His prophecy was that Israel would attack Iran before the new U.S. President swears in. The magnificent foretelling by Mr. Bolton was grandiloquently featured by the Daily Telegraph in a report titled: “Israel ‘will attack Iran’ before new U.S. president sworn in, John Bolton predicts”. Anyway, the new US President swore in and nobody attacked Iran. The war threats against Iran have been renewed several times since John Bolton publicized his prediction. The famous “proverb” of “all options are on the table” was uttered by the successor of George W. Bush; the same man whom we trusted in once for good and deceived all of us with his promise of change. Mr. Bolton’s newest forecast has been released recently: Israel has until week’s end to strike Iran’s nuclear facility. The psychological warfare machinery is being activated again as each newspaper and website represents one arsenal. Jeffrey Goldberg is taking steps to become the Judith Miller of war against Iran and the world once again watches the funny advertisement of human rights by those who are terrifically massacring “humans” in Palestine, Iraq and Afghanistan, getting prepared for a new bloodshed in Iran. The thing is not that Israel will attack Iran. The thing is that Israel won’t dare attack Iran, but its unremitting propaganda won’t cease. The thing is that we should hear these sentences incessantly: “Israel will attack Iran… will Israel attack Iran?” — Kourosh Ziabari is an Iranian freelance journalist. He worked regularly with Tlaxcala and Foreign Policy Journal |
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Sobre
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“Comentários islamofóbicos, anti-semitas e anti-árabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes” (*)
O comunicador e ativista político, Nazen Carneiro, formado em Relações Públicas pela Universidade Federal do Paraná, foi correspondente internacional temporário de “Gazeta do Povo” em Teerã, no Irã. Já fez reportagens do Irã, Romênia, Turquia e Grécia, escrevendo sobre a relação do Oriente Médio com o mundo.
Tendo passado pelo Rádio, atua também como ativista cultural e produtor independente do evento mundial pela paz, Earthdance.
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