Romênia celebra 20 anos de revolução que derrubou o ditador Ceausescu

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Romênia celebra 20 anos de revolução que derrubou o ditador Ceausescu

16/12/2009     |  da Associated Press, em Timisoara

Ao som músicas natalinas, romenos homenagearam nesta quarta-feira os manifestantes que tomaram as ruas da cidade de Timisoara, há 20 anos, desencadeando a revolução que tirou do poder o ditador mais repressivo do bloco comunista do Leste Europeu.

As manifestações começaram quando os moradores reuniram-se à defesa de um pastor dissidente de etnia húngara étnica que estava sendo ameaçado de transferência forçada, o que levou a uma rápida escalada de confrontos com a polícia.

No dia seguinte, a polícia, unidades do Exército e dos serviços secretos começaram a disparar contra os manifestantes, dando início a seis dias de combates, que posteriormente se espalharam para a capital, Bucareste, e levaram à derrubada do líder comunista Nicolau Ceausescu. Mais de mil pessoas morreram na única revolta violenta entre as revoluções que varreram do poder os comunistas no leste da Europa Oriental há duas décadas.

Revolução Romena em 1989

Revolução Romena em 1989

Apenas em Timisoara, 118 pessoas foram mortas. O prefeito de Timisoara, Gheorghe Ciuhandru, disse a um grupo de veteranos revolucionários que a cidade, perto da fronteira ocidental da Romênia com a Hungria e a Sérvia, deveria estar orgulhosa do levante que começou no local. “Para aqueles que nasceram livres, eu digo que as coisas foram mudadas nesta revolução. Temos liberdade de expressão, liberdade de movimento e o direito à propriedade privada”, disse o prefeito. No entanto, ele disse que 20 anos depois de Ceausescu ter sido deposto e executado, a Romênia é “marcada por mentiras, manipulação, ódio […] e pobreza generalizada”, referindo-se a uma recessão profunda e à recente eleição presidencial disputada em um clima amargo. Músicos de teatros locais apresentaram uma mistura de músicas natalinas e música popular romena em um pequeno concerto com a participação do ex-presidente Emil Constantinescu (1996 -2000). “Estou aqui por aqueles que lutaram e morreram pelos ideais que mudaram vidas na Romênia e escreveram uma página de heroísmo na história da Romênia”, disse Constantinescu. “Em Timisoara, houve uma revolução completa e eu permanecerei fiel a esses princípios para o resto da minha vida.” A revolta começou no dia 16 de dezembro de 1989, quando as autoridades tentaram forçar o pastor Laszlo Toekes a transferir-se para uma paróquia rural remota. Manifestantes se reuniram em frente à casa dele e logo o local estava repleto de pessoas. Ceausescu e sua mulher Elena foram executados após um julgamento sumário no dia de Natal. Seu governo brutal foi sustentada pelo serviço Securitate, que tinha um exército de cerca de 700 mil informantes –cerca de 1 em cada 20 romenos–para reprimir dissidentes durante 25 anos de regime severo. Perto do fim da era Ceausescu, os romenos sofreram com o racionamento severo em que mesmo as bananas e laranjas tornaram-se artigos de luxo, enquanto o ditador tentava pagar a dívida externa do país.

Hoje, a Romênia ainda está afligida por dívidas –com as obrigações estrangeiras de quase 78 bilhões de euros. Embora tenha aderido à União Europeia em 2007, o país continua com graves problemas, atormentado pela corrupção, atolado em uma recessão profunda e paralisada por disputas políticas internas. O Tribunal Constitucional confirmou nesta quarta-feira a reeleição do presidente Traian Basescu após um atraso devido a alegações da oposição de que a votação de 6 de dezembro foi fraudada. O Partido Social Democrata afirmou ter evidências de fraude na votação e compra de votos em larga escala e pediu que novas eleições fossem realizadas.

Basescu venceu por uma pequena margem o ex-ministro das Relações Exteriores, Mircea Geoana. Geoana reconheceu a derrota na segunda-feira, mas prometeu continuar a investigar as supostas fraudes. “Meu objetivo é ser um presidente melhor do que fui”, disse Basescu nesta quarta-feira, em um reconhecimento das amargas disputas políticas dos últimos anos. “Meu principal objetivo é que cada romeno tenha a sensação de que o presidente é o seu presidente, independentemente de em quem tenha votado.”

A decisão Justiça trouxe alguma estabilidade para a Romênia, que está sem um governo efetivo desde 13 de outubro, quando o gabinete foi rejeitado pelo Parlamento em um voto de desconfiança. Em meio à incerteza, uma delegação do FMI (Fundo Monetário Internacional) e da Comissão Europeia chegou à Romênia nesta semana para discutir um empréstimo de 1,5 bilhão de euros para o país, que havia sido suspenso devido à crise política.

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