Lula: O Brasil no Oriente Médio

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O Brasil hoje é chamado a atuar internacionalmente

Para compreender a importância da agenda internacional do Brasil e a ação de nossa política externa no conflito entre Israel e Palestina, trago aqui três reportagens sobre a viagem do presidente Luís Inácio Lula da Silva ao Oriente Médio.

A viagem marca a presença da política externa  brasileira no conflito de maior destaque mundial. O Brasil com Lula empenha-se para imprimir uma agenda de diálogo e negociação justa no mundo. Para isso atua em diversas frentes no intuito de colocar ‘na mesma mesa‘ Israel e a Palestina (ou o mundo Islâmico). Para isso o presidente brasileiro usa do comércio, política e até mesmo do esporte.

O Brasil amplia sua presença comercial e cultural na comunidade  internacional enquanto na política trabalha para garantir assento fixo no Conselho de Segurança da ONU.

As reportagens a seguir foram extraídas da agência francesa EFE, da inglesa BBC e da Al-Jazeera, do Qatar.

Lula defenderá criação de Estado palestino em visita a Israel, diz porta-voz

da Efe, em Brasília | 11/03/2010 – 20h24

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmará na próxima segunda-feira (15), durante viagem a Israel, sua posição a favor do diálogo com o Irã e da criação de um Estado palestino, informou nesta quinta-feira seu porta-voz, Marcelo Baumbach.

Lula chegará no domingo à noite a Jerusalém, primeira escala de uma viagem que também inclui visita aos territórios palestinos e à Jordânia. Ele deve oferecer novamente a ajuda do Brasil nos esforços por diálogo de paz no Oriente Médio.

O porta-voz declarou que a viagem de Lula coroará “o processo de aproximação com o Oriente Médio” iniciado pelo Brasil há mais de cinco anos com o objetivo de se transformar em “um agente” nas negociações para a pacificação da região.

Segundo Baumbach, Lula também expressará as críticas do Brasil à intenção de Israel de expandir seus assentamentos em Jerusalém Oriental, anunciada nesta quarta-feira e imediatamente condenada pela comunidade internacional.

Na segunda-feira, em Jerusalém, Lula se encontrará com o presidente israelense, Shimon Peres, receberá políticos da oposição e personalidades da sociedade civil.

Ele também deverá participar de uma sessão especial do Parlamento e se reunir com o primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu.

Na terça-feira, Lula visitará o Museu do Holocausto, plantará uma árvore no Bosque de Jerusalém e conhecerá a Universidade Hebraica, para depois seguir rumo a Belém, onde será recebido pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.

Abbas anunciou que desistiu de iniciar negociações indiretas com Israel, depois do anúncio israelense da construção de mais 1.600 casas em Ramat Shlomo, bairro de colonização habitado por judeus ultraortodoxos na área oriental de Jerusalém, que tem população majoritária de árabes e foi anexado por Israel em 1967.

No dia seguinte, o presidente irá a Ramala, onde conhecerá uma escola que funciona com cooperação do Brasil, e colocará uma oferenda de flores no mausoléu de Yasser Arafat, em companhia de Abbas.

Em suas reuniões com o presidente da ANP, Lula aproveitará para discutir os preparativos para a primeira Conferência Econômica da Diáspora Palestina, que será realizada no Brasil em julho deste ano.

Jordânia

De Ramala, Lula viajará para Amã, onde na própria quarta-feira será recebido pelo rei da Jordânia, Abdullah 2º, a quem considera um “interlocutor privilegiado” no conflito do Oriente Médio, disse Baumbach.

Na quinta-feira, antes de retornar ao Brasil, Lula se reunirá com o primeiro-ministro jordaniano, Samir Rifai, e assistirá ao encerramento de um encontro de empresários de ambos os países.

O porta-voz explicou que Lula também tinha a intenção de fazer uma visita à cidade histórica de Petra, mas cancelou os planos por questões de agenda e segurança.

Fonte:  EFE \ Folha

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Lula urges Israel settlement freeze

By Gabriel Elizondo in  on November 16th, 2009 | Al-Jazeera

Abbas e Lula

Palestine Leader, Abbas and brazilian president Lula da Silva

Abbas, left, urged Silva, right, to play a greater role in Israeli-Palestinian peace efforts [REUTERS]

Brazil’s president has called for an immediate end to Israeli settlement construction on Palestinian territory, following a meeting with his visiting Palestinian counterpart.

Luiz Inacio Lula da Silva made the comment on Friday in the north eastern city of Salvador after talks with Mahmoud Abbas, who is in Brazil on his first stop of a tour through Latin America.

“The expansion of West Bank settlements must be frozen,” Lula said.

“The borders of the future Palestinian state should be preserved, and freedom of movement needs to be guaranteed in the occupied territories.”

Stalled peace efforts

Israel approved the construction of 900 housing units in occupied East Jerusalem earlier this week, calling it part of a “routine building programme”.

The Palestinians say the settlement issue is central to efforts to restart stalled peace talks, and it has demanded that all construction is halted before they resume talks.

The Brazilian president pledged on Friday to help Abbas re-launch the stalled talks, saying the peace process would “benefit from the contribution of countries other than those traditionally involved” in negotiation efforts.

“From the smallest country in the world to the world’s largest country, among their priorities should be peace negotiations in the Middle East,” he said.

Abbas said he appreciated Brazil’s efforts to get involved in the process, but urged Lula to play a greater role in international peace efforts.

“With respect to you, President Lula, we would like you to have a role, and you’re ready for it,” Abbas said.

“We want you to play a role, which you have welcomed, and we welcome you playing a role like this, because we need you and your support and help.”

Abbas is also scheduled to travel to Argentina and Chile during his tour of the region.

Brazil as Middle East peace broker?

By Gabriel Elizondo in  on November 16th, 2009 | Al-Jazeera

Photo by Reuters

There are some interesting diplomatic dynamics from Brazil in relation to the Middle East, the Israeli-Palestinian conflict, and relations between Iran and the United States.

Consider these travel schedules:

ISRAEL: President Shimon Peres visited Brazil last week – Nov. 10 through 15 – making stops in Brasilia, Sao Paulo and Rio de Janeiro. Peres’ visit marked the first time an Israeli head of state visited Brazil since Zalman Shazar did so in July 1966. (The visit barely registered on international radar screens, or in Brazil for that matter, as on Peres’ first night in Brazil the country saw a nationwide power outage that cut electricity to nearly 90 million people.)

Nevertheless, Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva met with Peres in Brasila. Afterwards the foreign ministry sent out a press release trumpeting the fact both countries signed a cinematography co-production agreement.

Not exactly the stuff of dramatic ‘war versus peace’ diplomacy. But Peres and Lula likely talked about a lot more than Hollywood or Bollywood. They presumably spoke about Brazil’s potential role in peace in the Middle East.

“I understand (President Lula) introduced a program called ‘Lights for All.’…Therefore, Mr. President, come and turn on the lights in the Middle East.” – Israel’s President Shimon Peres addressing  his Brazilian counterpart, Luiz Inacio Lula da Silva, during a joint press conference in Brazil.

PALESTINIAN AUTHORITY: Palestinian President Mahmoud Abbas is coming to Brazil to meet with Lula in the Brazilian city of Salvador this Friday (Nov 20).

And two days later…

IRAN: Iran’s President Mahmoud Ahmadinejad lands in Brazil for meetings with Lula on 23 of November.

This means that in the span of 13 days Peres, Abbas, and Ahmadinejad will have all come to Brazil to meet with Lula.

Let me say that again: Peres. Abbas. Ahmadinejad. All coming to Brazil in the span of about 2 weeks to meet with Lula. It strikes me as incredible on so many levels. So let’s take a closer look at what’s going on here.

Brazil as intermediary? The headline in Sunday’s O Estado de S. Paulo newspaper read “Brazil intends to intermediate dialogue between Tehran and Washington.” That might say it all.

Brazil appears to possibly want to actively offer itself up as a diplomatic intermediary, triangulating between Israel, the Palestinians and Iran. That is a big job, usually reserved for the heavyweights of the diplomatic world. And Tel Aviv, Tehran and Ramallah might as well be on another planet when it comes to Brazil’s traditional sphere of diplomatic influence. Maybe not anymore.

Something in the works? Nobody is pretending the recent talks were, or plan to be, particularly substantive (nothing against the fine folks who probably worked very hard to put together that cinematography co-production agreement). Nobody is suggesting there was or will be any immediate, official, and binding mediation going on here between anybody.

But my hunch is that all parties involved are looking each other up and down to assess if Brazil can be trusted as a possible go-between on issues big or small. And perhaps, maybe, Lula will use all these meetings as an opportunity to answer the question if he wants to get himself deeply involved.

The Obama factor? There is strong speculation in Brazil that Obama’s first trip to South America as president will be to Brazil. And there is little doubt Obama looks to Brazil as the rising power that it rightfully has become.

The U.S. president has nominated the State Department’s top Latin America diplomat, Thomas Shannon, to become the American ambassador to Brazil. It was a move that reportedly thrilled Lula and the Brazilian diplomatic corp as a sign that Brazil was #1 on Obama’s South America agenda. And between Obama and Lula, there seems to be strong personal and genuine admiration between the two men.

So when Peres, Abbas and Ahmadinejad talk to Lula, they know they are speaking to a man who can call the White House and probably have the President pick up the phone in a hurry.

What’s it all mean? There are a lot of diplomatic undercurrents swirling right below the surface. Given all the above, you can connect the dots anyway you wish and come up with your own conclusions. But Brazil is, at minimum, expanding the sphere of countries it engages diplomatically, and maybe even going much, much further and jumping into a whole new realm of diplomacy as the Switzerland of South America.

Easy for Brazil when it comes to places like Honduras. But when it comes to the Middle East and U.S.-Iran relations, well, this isn’t Tegucigalpa folks. Is this the right strategy for Brazil and could it work? Or is it a futile effort from a country like Brazil – entering the heavyweight fighting class of Middle East diplomacy and now punching above its weight class?

Fonte: Al-Jazeera

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Palestinos elogiam decisão de Lula de pernoitar em Belém

O Muro de Belém

Para palestinos, em Belém Lula poderá ver muro que os separa de Israel

Palestinos ouvidos pela BBC Brasil nesta quarta-feira elogiaram a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de passar uma noite na cidade de Belém, na Cisjordânia, durante sua visita ao Oriente Médio, prevista para ter inicio no dia 14 deste mês.

A decisão do presidente brasileiro de não seguir o protocolo habitual de chefes de Estado, que quando visitam o Oriente Médio costumam pernoitar em hotéis em Jerusalém e visitam os territórios palestinos por apenas algumas horas, é vista pelos palestinos como um “gesto de solidariedade”.

De acordo com o deputado Faez Saqqa, ex-representante da OLP (Organização para a Libertação da Palestina) na América Latina e um dos líderes do partido Fatah, a liderança palestina quer mostrar a Lula a vida “sob a ocupação israelense”.

“Em Belém, Lula poderá ver de perto o muro que Israel construiu na Cisjordânia, que divide a cidade em duas partes. Ele também poderá observar, da janela do hotel onde ficará hospedado, os campos de refugiados palestinos e os assentamentos israelenses”, disse Saqqa, que participa da organização da agenda da visita.

Divisão simétrica

O fato de Lula ter optado por passar um dia e meio em Israel e um dia e meio na Cisjordânia está sendo interpretado pelos palestinos como um sinal de que o Brasil poderia vir a ser um “mediador honesto” na resolução do conflito.

Já do ponto de vista de Israel, a visita de Lula será “um pouco curta”.

“Visitas de chefes de Estado do nível do presidente Lula geralmente têm a duração de três dias”, disse à BBC Brasil a embaixadora Dorit Shavit, diretora do departamento de América Latina do ministério das Relações Exteriores de Israel.

“A decisão do presidente Lula de pernoitar em Belém não nos surpreende, pois em seu discurso ele sempre cria a simetria”, acrescentou a embaixadora israelense.

Shavit disse ainda que o país “está muito contente com a perspectiva da visita, pois está ciente da importância do Brasil e tem interesse de estreitar as relações entre os dois países”.

Segundo as autoridades israelenses, os compromissos do presidente brasileiro durante o dia e meio que ele vai passar em Israel ainda não estão totalmente definidos e, em vista do tempo curto da visita, provavelmente alguns dos planos originais terão que ser cancelados.

Ocupação

Do lado palestino, a agenda de Lula parece já estar acertada.

Em vez de se reunir com o presidente brasileiro em Ramallah, onde fica a sede da Autoridade Palestina, como é feito habitualmente, o presidente palestino Mahmoud Abbas decidiu que as reuniões politicas serão realizadas na cidade de Belém.

Segundo o deputado Faez Saqqa, a razão da decisão é mostrar ao presidente Lula “como é a vida dos palestinos sob a ocupação israelense”.

Saqqa também disse que o povo palestino “aprecia altamente o papel do presidente Lula e sua visão sobre o conflito no Oriente Médio”.

“A decisão do presidente Lula de pernoitar em Belém é um sinal de sua solidariedade evidente com a causa palestina”, acrescentou.

Integrantes do departamento de negociações da OLP, que pediram para não ter seus nomes identificados, também afirmaram ver como positiva a presença de Lula em Belém.

“O próprio fato de que o presidente brasileiro irá pernoitar em uma cidade palestina passa uma mensagem muito forte para o mundo, de que apesar de todas as nossas dificuldades decorrentes da ocupação israelense somos capazes de receber uma visita desse nível”, disse um integrante do departamento à BBC Brasil.

O funcionário também disse esperar que a visita de Lula a Belém incentive turistas estrangeiros a visitar a cidade, “pois demonstrará que Belém é um lugar seguro”.

Fonte: BBC Brasil

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